1984 não é apenas um romance distópico
é uma história de advertência cuja relevância só se intensificou ao longo dos anos. Em 1949, George Orwell descreveu um mundo onde um regime totalitário exerce controlo absoluto sobre todos os aspetos da vida: desde as ações e pensamentos até à linguagem e memória. O Grande Irmão vigia tudo, e a propaganda do Partido reescreve a história para se adequar à sua narrativa.
Relevância há 10 anos e hoje
Há uma década, em 2014, 1984 era frequentemente lido como uma obra clássica que ilustra as manifestações extremas da ditadura, embora nem todos reconhecessem as suas aplicações no mundo real. No entanto, com o início da Revolução da Dignidade e a agressão da Rússia contra a Ucrânia, tornou-se evidente que o livro de Orwell espelha os mecanismos de propaganda, manipulação e controlo empregados por regimes opressivos.
Hoje, 1984 parece ainda mais inquietantemente real. Na era digital, a vigilância total não é uma fantasia, mas um cenário tecnicamente viável. Os Estados podem rastrear os movimentos dos indivíduos, controlar os fluxos de informação e usar a inteligência artificial para fins de propaganda. Assistimos a isto em países autoritários onde a realidade é alterada a mando dos detentores do poder, e as opiniões dissidentes são severamente punidas.
Comparação com a Situação na Ucrânia
A Ucrânia está atualmente a combater precisamente o tipo de opressão que Orwell descreveu. A propaganda russa tenta obliterar verdades históricas, manipular factos e criar uma "realidade alternativa". A linguagem é usada como uma ferramenta de controlo: tal como em 1984, os termos são distorcidos para se adequarem à agenda do regime (por exemplo, "libertação" em vez de "ocupação"), e os factos são substituídos por "novilíngua."
No entanto, ao contrário da sociedade totalitária de Orwell, os ucranianos demonstram que a liberdade de expressão e a verdade são mais poderosas do que qualquer ditadura. Temos a capacidade de resistir às falsidades, dizer a verdade e lutar pelo nosso futuro. Enquanto 1984 ofereceu pouca esperança de mudança, os ucranianos provam que mesmo o mais formidável Big Brother não pode apagar a identidade de uma nação que luta pela liberdade.