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«Você tem um ucraniano tão bom – deve ser de Lviv?» – esta frase a protagonista do romance de estreia de Nina Kuriata, «Dzvinka», ouvirá inúmeras vezes. E estará constantemente a superar os estereótipos alheios sobre si e os seus conterrâneos do Sul da Ucrânia.
Este livro é sobre como é nascer ucraniana na URSS, sentir na pele primeiro a propaganda soviética e a discriminação linguística, e depois – o preconceito dos conterrâneos de outras regiões. A família ajuda Dzvínka a criar e manter a sua própria identidade – são precisamente as histórias familiares e a educação em família que semeiam nela as sementes da dúvida sobre se vale a pena acreditar no que dizem na escola, escrevem nos jornais e "mentem" na televisão.
A infância da protagonista ocorre na era do final de Brejnev e início da "Perestroika", a juventude — durante o colapso da União Soviética e os tristemente célebres anos 90, e a vida adulta — na consolidação final da Independência. Ao mudar-se para Odessa, Dzvinka tem de defender a sua diferença num ambiente russificado, e mais tarde em Kiev e no Oeste da Ucrânia tem de provar que é tão ucraniana como aqueles que nasceram do outro lado do Zbruch, que a sua língua materna é o ucraniano, e que na região de Odessa vivem ucranianos.
Os personagens do livro falam ucraniano e russo, o dialeto podílsk e o galiciano – e, claro, o surzhik. Lá existem palavras como «клубніка», «помидора», «ґаблі», «каляфьор» e «спіжарка». Tudo como na nossa vida, tão rica em circunstâncias imprevisíveis e diversos códigos culturais.